domingo, 24 de abril de 2016

MONTANHA RUSSA EMOCIONAL

"Só posso dizer o que você já sabe: alguns dias são preciosos. Não muitos, mas acho que em quase toda vida há alguns. Aquele foi um dos meus, e, quando estou triste, quando a vida me dá uma rasteira e tudo parece ruim e sem graça, como a Joyland Avenue em um dia chuvoso, eu volto a ele, ao menos para lembrar a mim mesmo que a vida nem sempre arranca nosso couro. às vezes, ela oferece verdadeiros prêmios. às vezes, são preciosos."


JOYLAND

Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras

Sinopse:

Carolina do Norte, 1973. O universitário Devin Jones começa um trabalho temporário no parque Joyland, esperando esquecer a namorada que partiu seu coração. Mas é outra garota que acaba mudando seu mundo para sempre: a vítima de um serial killer.
Linda Grey foi morta no parque há anos, e diz a lenda que seu espírito ainda assombra o trem fantasma. Não demora para que Devin embarque em sua própria investigação, tentando juntar as pontas soltas do caso. O assassino ainda está à solta, mas o espírito de Linda precisa ser libertado — e para isso Dev conta com a ajuda de Mike, um menino com um dom especial e uma doença séria.
O destino de uma criança e a realidade sombria da vida vêm à tona neste eletrizante mistério sobre amar e perder, sobre crescer e envelhecer — e sobre aqueles que sequer tiveram a chance de passar por essas experiências porque a morte lhes chegou cedo demais.

Opinião:

Um dos melhores livros de Stephen King, "Joyland" conta uma história profunda, divertida, com muitas reviravoltas, quase despretensiosa, mas com um final intimista e melancólico.
Reconhecido internacionalmente como o mestre do suspense e de contos de horror fantástico e ficção, Stephen King escreveu poucos livros tão pessoais e comoventes quanto "Joyland". Para os fãs do autor, que gostam de filmes de terror, pode ser meio decepcionante, pois a história está longe de ser um thriller, principalmente porque o assassinato da história é algo pequeno comparado à jornada de Devin Jones.
Concordo plenamente com o que foi publicado pelo The Washington Post: "... O verdadeiro apelo de "Joyland" vem da habilidade de King de criar vínculos diretos e viscerais com seus personagens. É esse laço emocional que marca a diferença entre livros de mero entretenimento e livros que nos tocam de maneira mais profunda."
Eu ousaria dizer que "Joyland" me emocionou tanto quanto "A espera de um milagre", livro de King que foi adaptado para o cinema em 1999.
A história se passa em 1973, quando o então universitário Devin Jones, personagem principal do livro, está com 21 anos. É narrada em primeira pessoa, nos dias atuais, por um Devin já maduro, às vésperas de se aposentar.
Após passar por uma desilusão amorosa, o jovem Dev resolve se candidatar a um trabalho temporário, de meio período, no parque de diversões Joyland, na cidade de Heaven's Bay, na Carolina do Norte.
Lá pretende, além de esquecer a garota, expandir um pouco os seus horizontes, mas ele não imaginava o quanto essa experiência iria mudar a sua vida, principalmente depois de conhecer um garoto muito especial e uma garota única naquele parque: A vítima de um assassinato.
Conforme nos conta Devin: "Joyland era um parque Indie, grande o suficiente para ser impressionante".
É muito fácil uma identificação com o protagonista do livro, afinal quem já não passou por um final de relacionamento doloroso, por noites acordado se afogando em cerveja e em músicas de tristes e achando que por causa disso sua vida chegou ao fim?  Ele não só passa por tudo isso, como também aprende como o fim de uma relação, pode nos fazer amadurecer e nos moldar como pessoas e seres humanos melhores.
Devin Jones é o típico bom moço que, aos vinte e um anos, se torna o queridinho de Joyland. Dev é aquele tipo de cara que você quer ter como amigo, namorado, marido e genro. É carismático, afetuoso, sincero, bom trabalhador, inteligente, amoroso, entre outros predicados mais. Além de aprender a fazer amizade com uma rapidez incrível, também aprende os ofícios que lhe ensinam na mesma velocidade, e ainda encontra tempo para salvar algumas pessoas da morte e investigar um misterioso assassino que tem rondado o parque. De quebra, afeiçoa-se por Mike e sua mãe, e traça com o garoto na cadeira de rodas uma linha de afinidade que poderá ser a salvação de Joyland.
Com uma prosa agradável e delicada, que é contada com uma riqueza de detalhes que nos fazem sentir a brisa do mar, a areia sobre os nossos pés e o calafrio que só a cena de um assassinato pode proporcionar, a obra nos leva do riso à tristeza, aos extremos da paixão e da tensão, nos fazendo ficar tensos com surpresas e reviravoltas, como uma verdadeira montanha russa de emoções.
Com pouco mais de 200 páginas, em uma diagramação simples  mas bastante eficiente, uma capa que remete aos clássicos filmes noir das décadas de 40/50, o livro é uma bela experiência para qualquer um que deseja uma leitura agradável, intensa mas também rápida. 
Segundo Stephen King mencionou em uma entrevista, a ideia de escrever "Joyland" surgiu quando ele viu um garoto em uma cadeira de rodas empinando a imagem de Jesus estampada numa pipa, em uma praia, cerca de vinte anos antes do lançamento do livro.
"Joyland" para alguns pode até não ser o melhor livro de terror de Stephen King, mas com toda a certeza é um dos mais tocantes e pessoais do autor.

O autor:

O norte-americano Stephen King nasceu em Portland, no Maine, onde cresceu lendo quadrinhos de terror/suspense, fato que estimulou seu amor pelo gênero, fazendo com que se tornasse um dos escritores mais prolixos a trabalhar com o tema.
De 1966 a 1971 King estudou Inglês na Universidade do Maine em Orono, onde escrevia regularmente de uma coluna intitulada “King´s Garbage Truck” para o jornal “Maine Campus”. Foi nessa época que conheceu sua atual esposa Tabitha King (na época ainda se chamava Tabitha Spruce), com a qual se casou em 1971.
King chegou a morar em um trailer, enquanto lecionava na Academia Hampden em Hampden, Maine. Nesse ínterim escreveu histórias curtas, a maioria direcionada a revistas masculinas. Seu primeiro romance publicado foi “Carrie”. Inicialmente achou o romance tão ruim que o jogou no lixo. Sua esposa foi quem resgatou o esboço e o incentivou a continuar escrevendo. Quando terminou, King vendeu o manuscrito por $2.500 dólares, arrecadando posteriormente cerca de $400.000 com direitos autorais da obra, que virou filme nas mãos do diretor Brian de Palma.
O autor passou por diversas dificuldades, até se tornar escritor renomado. Uma delas foi com a bebida. E foi essa época conturbada de sua vida que inspirou um dos personagens mais conhecidos de seus livros, Jack Torrance, personagem do romance “O iluminado”. Em 1980, porém, King consegue se desvencilhar de vez do vicio e se mantém sóbrio desde então.
Outro fato marcante de sua carreira se deu em 1999, quando, ao fazer sua caminhada diária, foi atropelado perto de sua casa por uma van desgovernada (curiosidade: no primeiro episódio da minissérie “Kingdom Hospital”, escrito pelo próprio King, há uma espécie de “reconstituição” desse fato) internado com traumatismo craniano e chegando quase ao óbito. Posteriormente King comprou a Van que o atropelou e a destruiu.
A partir de 1996 King passou a se aventurar em outras mídias, lançando o conto “Riding the bullet”, seguido posteriormente pelo conto inacabado “The Plant” em formato de ebook. Com diversos trabalhos também como roteirista de filmes, seriados e até peças de teatro, King é um dos autores mais versáteis de sua época. Até 2011 havia publicado ao todo 49 romances (7 sob o pseudônimo de Richard Bachman), 9 livros de não-ficção e nove coletâneas de contos. Stephen King é um dos autores de maior sucesso no mundo e seus livros (grande parte adaptada para as telas do cinema por diretores como Brian de Palma, Stanley Kubrick e George Romero) já venderam mais de 350 milhões de cópias e foram publicados em mais de 40 países. Atualmente vive em Bangor, no Maine, com sua esposa e também escritora Tabitha King.
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