segunda-feira, 25 de abril de 2016

DEPOIS DO "FELIZES PARA SEMPRE"

"Tudo continua o mesmo, no entanto,
não era o mesmo e, pouco antes de dormir,
senti a mesma ansiedade que ainda sinto na véspera
de uma viagem longa e complicada." 

 

NÓS

Autor: David Nicholls
Editora: Intrínseca

Sinopse:

Certa noite, Douglas Petersen, um bioquímico de 54 anos apaixonado pela profissão, por organização e limpeza, é acordado por Connie, sua esposa há 25 anos, e ela lhe diz que quer o divórcio.
O momento não poderia ser pior. Com o objetivo de estimular os talentos artísticos do filho, Albie, que acabou de entrar para a faculdade de fotografia, Connie planejou uma viagem de um mês pela Europa, uma chance de conhecerem em família as grandes obras de arte do continente. Ela imagina se não seria o caso de desistirem da viagem. Douglas, porém, está secretamente convencido de que as férias vão reacender o romance no casamento e, quem sabe, também fortalecer os laços entre ele e o filho.
Com uma narrativa que intercala a odisseia da família pela Europa — das ruas de Amsterdã aos famosos museus de Paris, dos cafés de Veneza às praias da Barcelona — com flashbacks que revelam como Douglas e Connie se conheceram, se apaixonaram, superaram as dificuldades e, enfim, iniciaram a queda rumo ao fim do casamento, "Nós" é, acima de tudo, uma irresistível reflexão sobre a meia-idade, a criação dos filhos e sobre como sanar os danos que o tempo provoca nos relacionamentos. Sensível e divertido, com a sagacidade e a inteligência dos outros livros do autor, o romance analisa a intrincada relação entre razão e emoção.


"O problema de viver o momento é que o momento passa.
O impulso e a espontaneidade não levam em conta o longo prazo."

 

Opinião:

O bioquímico Douglas Petersen de 54 anos, pensava que seu casamento de 25 anos era normal e até feliz, e que iria envelhecer ao lado de sua mulher Connie. Mas no meio da noite ele se depara com o inesperado: Connie comunica que deseja se separar.
Como se a situação já não fosse ruim o suficiente, ele, a esposa e Albie – o filho adolescente recém aceito na faculdade – têm programada uma viagem de um mês pela Europa: o Grand Tour. Como tudo já estava acertado e pago para explorar o velho mundo, cujo maior objetivo é percorrer alguns museus, admirar determinadas obras de arte proporcionando ao filho certa bagagem cultural e artística e ajudar a introduzir Albie na vida adulta, Connie diz que não deveriam desistir da viagem e, inclusive, acha que devem deixar para acertar a separação na volta.
Para Douglas, a viagem era também uma oportunidade de se aproximar do filho adolescente, de quem se distanciou ao longo dos anos, e agora ele acha que seria também uma boa oportunidade de tentar fazer com que a mulher volte atrás na ideia da separação.
O planejamento rigoroso do itinerário montado por Douglas, é frustrado por brigas constantes dos três que se desentendem grande parte do tempo. A incômoda obsessão por controle e organização de Douglas e a falta de um vínculo verdadeiro entre ele e seu filho, torna as coisas ainda mais difíceis, o que leva a Albie fugir dos pais e decidir viajar por conta própria.
Seguindo pistas para descobrir o paradeiro do filho, Douglas cruza a Alemanha, Itália e Espanha enquanto faz um exame de consciência repensando suas atitudes e lembra do passado.
David Nicholls constrói uma história extremamente envolvente, sensível, intimista e duramente real, sobre a natureza dos relacionamentos familiares, revezando entre a saga europeia e a história da vida do casal, Douglas e Connie, desde quando se conheceram.
Presente e passado se intercalam na narrativa; enquanto acompanhamos o desenrolar da viagem e dos dilemas atuais do protagonista com relação à família e ao casamento, também percorremos o passado através de flashbacks nostálgicos e um tanto bem-humorados. Ficamos sabendo como foi o início do relacionamento com Connie – toda a delícia da paixão e do início do amor –, o casamento, a chegada de Albie e a relação pais e filhos. Inseridos nessa trajetória encontram-se os traumas e tristezas, as irritações, os silêncios. Os personagens da trama são bem reais e muito bem caracterizados. O protagonista, é compulsivo por limpeza e organização e apaixonado por seu trabalho científico. Mas Douglas também é louco pela esposa e sofre pelo relacionamento complicado que tem com o filho.
Connie, por sua vez, sempre foi um espírito mais livre, artístico, mais rebelde e naturalmente mais interessante. Albie é o típico filho adolescente que puxou o lado criativo da mãe. Justamente por isso, acaba sendo um tanto incompreendido pelo pai, e em contra partida não consegue aceitar a racionalidade e o excesso de controle de Douglas.
Acompanhar a jornada dos três pela Europa, em meio ao caos do iminente fim do casamento, e as dificuldades de relacionamento pai e filho, é um tanto angustiante, mas também interessante e por vezes até engraçado. Eles passam por experiências intensas e reveladoras, além de momentos muito importantes de autoconhecimento para todos.
A passagem por Paris, Amsterdã, Veneza, Barcelona e outros lugares é uma presente para quem curte histórias em que viagens exercem um papel importante. E o trajeto não vem desacompanhado, pois pegamos carona aos passeios a lugares famosos e aos museus onde também somos levados a mergulhar um pouquinho na história das obras de arte contempladas pelos personagens.
Emotivo, inteligente e com um desfecho que eu chamaria de perfeito, "Nós" é um livro sobre a natureza primordial de todo o ser humano. É sobre relacionamentos, amadurecer, casamento, amor, filhos, envelhecer, a implacabilidade do tempo e a morte.
Com um final surpreendente e maduro, em "Nós", David Nicholls nos fala sobre a vida.


"Simplesmente não é verdade que se pode alcançar qualquer coisa
desde que você ame muito essa coisa. Simplesmente não é assim."



O Autor:

David Nicholls nasceu em 1966, em Hampshire, Inglaterra. Formado em literatura e teatro inglês, optou pela carreira de ator e recebeu uma bolsa da American Musical and Dramatic Academy de Nova York. De volta a Londres, atuou em espetáculos teatrais no Battersea Arts Centre, The Finborough, West Yorkshire Playhouse e Birmingham Repertory Theatre. Entre uma peça e outra, em Londres, Nicholls trabalhava como vendedor da rede de livrarias Waterstone's, em Notting Hill. Após trabalhos freelance, conseguiu emprego como leitor de peças e pesquisador da BBC Radio Drama, o que o levou à edição de roteiros na London Week Television e na Tiger Aspect Productions. Nessa época, começou a escrever e adaptou a peça de Sam Shepard, "Simpatico", que se tornou um filme estrelado por Sharon Stone e Nick Nolte, em 1999. Ao longo de sua notável carreira de roteirista, recebeu duas indicações ao BAFTA.
O autor conquistou o sucesso mundial em 2009 com seu livro "Um dia", romance que vendeu mais de 400 mil exemplares só no Brasil, e ganhou adaptação para os cinemas, estrelada por Anne Hathaway. Outras obras do autor são os romances "O substituto" e "Resposta certa", também lançados no Brasil pela editora Intrínseca.

#nos #davidnicholls #intrinseca #umdia

domingo, 24 de abril de 2016

MONTANHA RUSSA EMOCIONAL

"Só posso dizer o que você já sabe: alguns dias são preciosos. Não muitos, mas acho que em quase toda vida há alguns. Aquele foi um dos meus, e, quando estou triste, quando a vida me dá uma rasteira e tudo parece ruim e sem graça, como a Joyland Avenue em um dia chuvoso, eu volto a ele, ao menos para lembrar a mim mesmo que a vida nem sempre arranca nosso couro. às vezes, ela oferece verdadeiros prêmios. às vezes, são preciosos."


JOYLAND

Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras

Sinopse:

Carolina do Norte, 1973. O universitário Devin Jones começa um trabalho temporário no parque Joyland, esperando esquecer a namorada que partiu seu coração. Mas é outra garota que acaba mudando seu mundo para sempre: a vítima de um serial killer.
Linda Grey foi morta no parque há anos, e diz a lenda que seu espírito ainda assombra o trem fantasma. Não demora para que Devin embarque em sua própria investigação, tentando juntar as pontas soltas do caso. O assassino ainda está à solta, mas o espírito de Linda precisa ser libertado — e para isso Dev conta com a ajuda de Mike, um menino com um dom especial e uma doença séria.
O destino de uma criança e a realidade sombria da vida vêm à tona neste eletrizante mistério sobre amar e perder, sobre crescer e envelhecer — e sobre aqueles que sequer tiveram a chance de passar por essas experiências porque a morte lhes chegou cedo demais.

Opinião:

Um dos melhores livros de Stephen King, "Joyland" conta uma história profunda, divertida, com muitas reviravoltas, quase despretensiosa, mas com um final intimista e melancólico.
Reconhecido internacionalmente como o mestre do suspense e de contos de horror fantástico e ficção, Stephen King escreveu poucos livros tão pessoais e comoventes quanto "Joyland". Para os fãs do autor, que gostam de filmes de terror, pode ser meio decepcionante, pois a história está longe de ser um thriller, principalmente porque o assassinato da história é algo pequeno comparado à jornada de Devin Jones.
Concordo plenamente com o que foi publicado pelo The Washington Post: "... O verdadeiro apelo de "Joyland" vem da habilidade de King de criar vínculos diretos e viscerais com seus personagens. É esse laço emocional que marca a diferença entre livros de mero entretenimento e livros que nos tocam de maneira mais profunda."
Eu ousaria dizer que "Joyland" me emocionou tanto quanto "A espera de um milagre", livro de King que foi adaptado para o cinema em 1999.
A história se passa em 1973, quando o então universitário Devin Jones, personagem principal do livro, está com 21 anos. É narrada em primeira pessoa, nos dias atuais, por um Devin já maduro, às vésperas de se aposentar.
Após passar por uma desilusão amorosa, o jovem Dev resolve se candidatar a um trabalho temporário, de meio período, no parque de diversões Joyland, na cidade de Heaven's Bay, na Carolina do Norte.
Lá pretende, além de esquecer a garota, expandir um pouco os seus horizontes, mas ele não imaginava o quanto essa experiência iria mudar a sua vida, principalmente depois de conhecer um garoto muito especial e uma garota única naquele parque: A vítima de um assassinato.
Conforme nos conta Devin: "Joyland era um parque Indie, grande o suficiente para ser impressionante".
É muito fácil uma identificação com o protagonista do livro, afinal quem já não passou por um final de relacionamento doloroso, por noites acordado se afogando em cerveja e em músicas de tristes e achando que por causa disso sua vida chegou ao fim?  Ele não só passa por tudo isso, como também aprende como o fim de uma relação, pode nos fazer amadurecer e nos moldar como pessoas e seres humanos melhores.
Devin Jones é o típico bom moço que, aos vinte e um anos, se torna o queridinho de Joyland. Dev é aquele tipo de cara que você quer ter como amigo, namorado, marido e genro. É carismático, afetuoso, sincero, bom trabalhador, inteligente, amoroso, entre outros predicados mais. Além de aprender a fazer amizade com uma rapidez incrível, também aprende os ofícios que lhe ensinam na mesma velocidade, e ainda encontra tempo para salvar algumas pessoas da morte e investigar um misterioso assassino que tem rondado o parque. De quebra, afeiçoa-se por Mike e sua mãe, e traça com o garoto na cadeira de rodas uma linha de afinidade que poderá ser a salvação de Joyland.
Com uma prosa agradável e delicada, que é contada com uma riqueza de detalhes que nos fazem sentir a brisa do mar, a areia sobre os nossos pés e o calafrio que só a cena de um assassinato pode proporcionar, a obra nos leva do riso à tristeza, aos extremos da paixão e da tensão, nos fazendo ficar tensos com surpresas e reviravoltas, como uma verdadeira montanha russa de emoções.
Com pouco mais de 200 páginas, em uma diagramação simples  mas bastante eficiente, uma capa que remete aos clássicos filmes noir das décadas de 40/50, o livro é uma bela experiência para qualquer um que deseja uma leitura agradável, intensa mas também rápida. 
Segundo Stephen King mencionou em uma entrevista, a ideia de escrever "Joyland" surgiu quando ele viu um garoto em uma cadeira de rodas empinando a imagem de Jesus estampada numa pipa, em uma praia, cerca de vinte anos antes do lançamento do livro.
"Joyland" para alguns pode até não ser o melhor livro de terror de Stephen King, mas com toda a certeza é um dos mais tocantes e pessoais do autor.

O autor:

O norte-americano Stephen King nasceu em Portland, no Maine, onde cresceu lendo quadrinhos de terror/suspense, fato que estimulou seu amor pelo gênero, fazendo com que se tornasse um dos escritores mais prolixos a trabalhar com o tema.
De 1966 a 1971 King estudou Inglês na Universidade do Maine em Orono, onde escrevia regularmente de uma coluna intitulada “King´s Garbage Truck” para o jornal “Maine Campus”. Foi nessa época que conheceu sua atual esposa Tabitha King (na época ainda se chamava Tabitha Spruce), com a qual se casou em 1971.
King chegou a morar em um trailer, enquanto lecionava na Academia Hampden em Hampden, Maine. Nesse ínterim escreveu histórias curtas, a maioria direcionada a revistas masculinas. Seu primeiro romance publicado foi “Carrie”. Inicialmente achou o romance tão ruim que o jogou no lixo. Sua esposa foi quem resgatou o esboço e o incentivou a continuar escrevendo. Quando terminou, King vendeu o manuscrito por $2.500 dólares, arrecadando posteriormente cerca de $400.000 com direitos autorais da obra, que virou filme nas mãos do diretor Brian de Palma.
O autor passou por diversas dificuldades, até se tornar escritor renomado. Uma delas foi com a bebida. E foi essa época conturbada de sua vida que inspirou um dos personagens mais conhecidos de seus livros, Jack Torrance, personagem do romance “O iluminado”. Em 1980, porém, King consegue se desvencilhar de vez do vicio e se mantém sóbrio desde então.
Outro fato marcante de sua carreira se deu em 1999, quando, ao fazer sua caminhada diária, foi atropelado perto de sua casa por uma van desgovernada (curiosidade: no primeiro episódio da minissérie “Kingdom Hospital”, escrito pelo próprio King, há uma espécie de “reconstituição” desse fato) internado com traumatismo craniano e chegando quase ao óbito. Posteriormente King comprou a Van que o atropelou e a destruiu.
A partir de 1996 King passou a se aventurar em outras mídias, lançando o conto “Riding the bullet”, seguido posteriormente pelo conto inacabado “The Plant” em formato de ebook. Com diversos trabalhos também como roteirista de filmes, seriados e até peças de teatro, King é um dos autores mais versáteis de sua época. Até 2011 havia publicado ao todo 49 romances (7 sob o pseudônimo de Richard Bachman), 9 livros de não-ficção e nove coletâneas de contos. Stephen King é um dos autores de maior sucesso no mundo e seus livros (grande parte adaptada para as telas do cinema por diretores como Brian de Palma, Stanley Kubrick e George Romero) já venderam mais de 350 milhões de cópias e foram publicados em mais de 40 países. Atualmente vive em Bangor, no Maine, com sua esposa e também escritora Tabitha King.
#joyland #stephenking #sumadeletras


sábado, 23 de abril de 2016

UM MUNDO MUITO PECULIAR

A adaptação cinematográfica
de "O Orfanato da
Srta. Peregrine para
Crianças Peculiares",
estrelado por Eva Green
no papel da Srta. Peregrine,
estreia no dia 30 de Setembro.
O filme é uma superprodução
da Fox Film sob o comando
do renomado diretor Tim Burton,
que dirigiu filmes como
Alice no País das Maravilhas
e Edward Mãos-de-Tesoura.


"Vocês tem certeza de que não fui eu quem escreveu esse livro?
Parece algo que eu teria feito!" Tim Burton

"Um romance tenso, comovente e maravilhosamente estranho.
As fotos e o texto funcionam brilhantemente juntos
para criar uma história inesquecível." John Green


O ORFANATO DA SRTA. PEREGRINE
PARA CRIANÇAS PECULIARES

Autor: Ransom Riggs
Editora: Leya

Sinopse:

Tudo está à espera para ser descoberto em "O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares", um romance inesquecível que mistura ficção e fotografia em uma experiência de leitura emocionante. Nossa história começa com uma horrível tragédia familiar que lança Jacob, um rapaz de 16 anos, em uma jornada até uma ilha remota na costa do País de Gales, onde descobre as ruínas do Orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares. Enquanto Jacob explora os quartos e corredores abandonados, fica claro que as crianças do orfanato são muito mais do que simplesmente peculiares: elas podem ter sido perigosas e confinadas na ilha deserta por um bom motivo... E, de algum modo, por mais impossível que pareça, ainda podem estar vivas. Uma fantasia arrepiante, ilustrada com assombrosas fotografias de época, "O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares" vai deliciar jovens, adultos e qualquer um que goste de uma aventura sombria. Mesmo sem as fotos, esta seria uma história emocionante, mas as imagens dão um irresistível toque de mistério.

"– Em épocas antigas, as pessoas nos tomavam por deuses – começou ela –,
mas nós peculiares não somos menos mortais que as pessoas comuns."


Opinião:

Descobri este livro por acaso, em 2011, em uma das muitas visitas que faço às livrarias, e confesso que o que primeiro me chamou a atenção quando estava dando uma folheada no livro, foram as fotografias antigas e sinistras que ilustravam a obra. Sempre fui uma entusiasta de tudo que se refere a fotografia, e acredito que foi por causa delas que eu escolhi levar o livro. Depois, li em algum lugar, que foram exatamente as estranhas fotografias que inspiraram o autor a começar essa história!
"O Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares" é o primeiro volume da fantástica trilogia escrita por Ransom Riggs. A ideia original de Riggs era criar um livro com fotos antigas, retiradas de colecionadores e formar uma sequência deste ponto, criando assim uma narrativa visual. Mas conforme o projeto avançou o livro criou uma narrativa fantástica sendo engrandecido pelas fotos pitorescas que se casam perfeitamente com o texto e encontra-se em lugares estratégicos. Conforme o autor, todas as imagens encontradas no livro são fotos autenticas e, com a exceção de algumas, não foram alteradas.
O protagonista da história é Jacob Portman, que passou toda a infância escutando historias fantásticas contadas pela pessoa mais fascinante que conhecia: Abraham Portman, seu avô paterno.
Abe, como era chamado, contava historias sobre ter lutado em guerras, atravessado oceanos a bordo de navios a vapor e desertos a cavalo. Sobre ser artista de circo, sobreviver em florestas, aprender tudo o que se sabe sobre armas, defesa pessoal e falar três línguas diferentes além do inglês. Mas as melhores historias eram sempre ligadas a um pequeno orfanato em uma remota ilha no País de Gales, lugar onde dizia que havia sido criado.
Aos cinco anos o pequeno Abe fora separado dos seus pais e mandado ao orfanato da Srta. Peregrine pra escapar dos horrores da guerra e dos monstros que o perseguiam na Polônia. Nesse orfanato, ele convivia com crianças um tanto diferentes, que ele dizia serem chamadas de peculiares. O orfanato era um local tão peculiar quanto seus habitantes: um lugar encantado, projetado para manter as crianças protegidas dos monstros que as caçavam, em uma ilha onde o sol brilhava todos os dias e ninguém adoecia ou morria. Um lugar fantástico regido por uma ave velha e sábia que estava disposta a tudo para proteger aqueles que se encontravam sob sua asa.

Para o pequeno Jacob, todas essas histórias que seu avô contava, não passavam de contos de fadas. Até mesmo as velhas e estranhas fotografias, que seu avô sempre lhe mostrava, onde apareciam crianças muito esquisitas, lhe pareciam objetos de montagem. Mas conforme o tempo foi passando, o jovem Jacob já com 16 anos, começa a desconfiar das histórias do avô e a acreditar que elas eram muito mais do que aparentavam ser, elas continham alguma verdade e eram na realidade contos de fadas para encobrir um mistério sinistro. Depois de presenciar acontecimentos aterradores, Jacob e o pai partem a procura da misteriosa ilha para descobrir a verdade sobre o passado do seu avô, mas nem tudo é o que parece ser e algumas respostas podem virar sua vida de pernas pro ar.

Capa da primeira edição
Numa de suas incursões sozinho pela ilha, Jacob descobre acidentalmente as ruínas do Orfanato da Srta. Peregrine e enquanto explora os quartos e corredores abandonados, fica claro para ele que as crianças do orfanato eram muito mais do que simplesmente peculiares: elas podem ter sido confinadas na ilha deserta por um bom motivo. Mas Jacob descobre algo muito mais surpreendente: elas ainda estão vivas e o que pareciam ser ruínas do orfanato, era apenas um disfarce.
Jacob se depara com um universo paralelo habitado por crianças e seres peculiares. Não bastasse toda a novidade daquele mundo, Jacob descobre que também é um peculiar e precisa usar seu dom para proteger o mundo dos peculiares que correm perigo.
Eu comprei em 2011 a primeira edição do livro publicado pela editora Leya, cuja capa era diferente. (ao lado)
Na reedição do livro a produção gráfica esta impecável. A editora Leya caprichou em sua arte e manteve a capa e a formatação internacional da obra original, tornando-a realmente peculiar. A capa e a contracapa têm um tom sombrio e misterioso que junto com a fonte usada no titulo remetem a um filme de terror dos anos 50 ou a uma clássica obra de Edgar Allan Poe. Os arabescos que iniciam os capítulos dão um charme a mais e as folhas amareladas remetem a um livro envelhecido que combina perfeitamente com a história.
É um livro maravilhoso e surpreendente. A narrativa feita toda na primeira pessoa prende o leitor até o final que deixa aquele gostinho de "quero mais"!


CIDADE DOS ETÉREOS

Autor: Ransom Riggs
Editora: Intrínseca

Sinopse:

Cidade dos etéreos é a sequência de "O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares", em que o jovem Jacob Portman, para descobrir a verdade sobre a morte do avô, segue pistas que o levam a um antigo lar para crianças em uma ilha galesa. O orfanato abriga crianças com dons sobrenaturais, protegidas graças à poderosa magia da diretora, a Srta. Peregrine.
Neste segundo livro, o grupo de peculiares precisa deter um exército de monstros terríveis, e a Srta. Peregrine, única pessoa que pode ajudá-los, está presa no corpo de uma ave. Jacob e seus novos amigos partem rumo a Londres, cidade onde os peculiares se concentram. Eles têm a esperança de, lá, encontrar uma cura para a amada Srta. Peregrine, mas, na cidade devastada pela guerra, surpresas ameaçadoras estão à espreita em cada esquina. E, além de levar as crianças a um lugar seguro, Jacob terá que tomar uma decisão importante quanto a seu amor por Emma, uma das peculiares.
Telecinesia e viagens no tempo, ciganos e atrações de circo, malignos seres invisíveis e um desfile de animais inusitados, além de uma inédita coleção de fotografias de época tudo isso se combina para fazer de Cidade dos etéreos uma história de fantasia comovente, uma experiência de leitura única e impactante.

"Também me despedi, em silêncio, de um lugar que
me transformara para sempre, de um lugar que, mais que qualquer cemitério,
guardaria para sempre a memória e o mistério de meu avô." 


Opinião:

É importante reforçar que a leitura do primeiro livro é imprescindível para entender o segundo.
No livro anterior a vida da Srta Peregrine fica em apuros nas mãos dos terríveis "acólitos" que depois de destruir o lar das crianças, ainda sequestram a diretora.
Após enfrentarem muitos perigos para salvá-la, as crianças conseguem resgatar a diretora com vida. Porém ainda existe um problema: ela assumiu sua forma de pássaro e não consegue retornar a forma humana.
Agora, nossos heróis precisam encontrar ajuda para trazer a diretora de volta, e restaurar a fenda do tempo que mantém todas as crianças vivas e a salvo dos "etéreos".
Eles então embarcam em uma jornada de aventuras e grandes perigos, passando por diversas fendas temporais, em busca de refúgio ou da ajuda de outra "ymbryne", capaz de trazer a Srta Peregrine a sua forma original, antes que seja tarde demais. Durante essa longa viagem, os peculiares encontrarão não apenas perigo em meio aos seus inimigos, terão que enfrentar também a loucura de existir em um país em meio à 2ª Guerra Mundial.
Nesse segundo volume, os peculiares precisarão trabalhar juntos e conviver com suas diferenças em prol de permanecerem vivos, e salvar sua "ymbryne".
Durante a trama, as crianças conhecerão novos amigos, descobrirão segredos relacionados aos contos peculiares e encontrarão seres peculiares que jamais imaginaram que pudessem existir.
Agora temos um Jacob mais maduro, um adolescente moldado para ser adulto antes do tempo, e que tem de tomar fortes decisões, que não são capazes somente de mudar sua vida, mas também daqueles que o rodeiam, no caso os peculiares que o acompanham. A evolução do primeiro ao segundo livro também nota-se no tocante aos peculiares em geral, que agora ganham um espaço maior e mais descritivo.
Os direitos de edição no Brasil para esta obra foram recentemente adquiridos pela editora Intrínseca, e pelo que pude observar ela decidiu sabiamente, talvez para dar a ideia de conjunto da trilogia, manter o padrão gráfico da edição anterior e da internacional com alguns upgrades "de brinde".
O livro é impresso em estilo hardcover americano, com uma capa dura em cor azul por trás da jacket removível. Com uma diagramação impecável e folhas de diferentes cores e texturas, foram utilizadas ótimas fontes, e inúmeras fotografias de registro dos peculiares. Nada como uma verdadeira edição de luxo para se lançar no "universo peculiar".
Assim como no primeiro livro, Ransom Riggs prende o leitor desde a primeira página de sua trama e é quase impossível largar o livro antes de descobrir o que o autor reserva para o final.
E por falar em final, Riggs mais uma vez termina o livro de forma brilhante deixando um "gancho" para o terceiro volume da série que, no Brasil, vai se chamar "Biblioteca de Almas".
"Cidade dos Etéreos" é um livro que surpreende e remete o leitor a viajar em um universo fantástico cheio de perigos e aventuras.
Para aqueles que ainda não embarcaram no mundo dos peculiares, recomendo que o façam antes do lançamento do terceiro e último volume dessa maravilhosa trilogia.


O autor:

Ransom Riggs cresceu na Flórida e hoje mora na cidade que se tornou o lar das crianças peculiares: Los Angeles. Sempre seguiu uma dieta à base de histórias de fantasmas e comédias britânicas, o que provavelmente explica o estilo de seus romances.
Estudou no Kenyon College e formou-se na Escola de Cinema e TV da Universidade do Sul da Califórnia. Realizou alguns curtas-metragens premiados e nas horas vagas é blogueiro e repórter especializado em viagens. Não são poucas as chances de ele estar escondido debaixo da sua cama neste exato momento, observando você (vá conferir). Se não o achar lá, você certamente vai encontrá-lo no Twitter: @ransomriggs.










 

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